Perspectivas sociais e do emprego no mundo: Tendências 2023

O Relatório WESO Trends da OIT e o comportamento recente do mercado de trabalho no Brasil

Para o diretor do Escritório da OIT no Brasil, Vinícius Pinheiro, um dos maiores desafios do mercado de trabalho no Brasil continua sendo a formalização das 39 milhões de pessoas que estão na economia informal, sem direitos trabalhistas.

Notícias | 16 de Janeiro de 2023

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
Brasília – De acordo com o relatório World Employment and Social Outlook: Trends 2023 (WESO Trends) (Perspectivas Sociais e de Emprego no Mundo - Tendências 2023) da OIT, a situação macroeconômica e as perspectivas de crescimento da América Latina e Caribe, assim como a da América do Norte, foi afetada negativamente pela combinação de incerteza geopolítica na Ucrânia e inflação persistente. Ambos os fatores corroeram a confiança do consumidor e das empresas e reduziram a demanda agregada e o investimento em geral. 

A desaceleração no Brasil e no México pesou no desempenho do crescimento da América Latina e do Caribe em 2022, e espera-se uma nova queda em 2023. No caso da América Latina e do Caribe, o crescimento do PIB para 2022 em 3,4% pode ser inferior ao da recuperação inicial de 6,6% em 2020, mas é significativamente maior do que as taxas pré-pandemia.

As desacelerações significativas na taxa de crescimento das principais economias da sub-região, notadamente no Brasil e no México, impediram taxas mais elevadas. Após um crescimento relativamente forte no primeiro semestre de 2022, o PIB desacelerou desde então à medida que os preços das commodities enfraqueceram e as condições financeiras globais se deterioraram. Como resultado, e em um contexto de inflação persistente, o crescimento deverá diminuir ainda mais em 2023, com estimativas variando de 1,4% a 1,8%.

De acordo com o WESO Trends, a qualidade do emprego continua sendo uma preocupação na América Latina e no Caribe, A criação de empregos formais se recuperou da pandemia, mas novos ganhos estagnaram. Impulsionado por uma combinação de forte crescimento econômico em 2021 e no início de 2022, os níveis de emprego privado formal se recuperaram totalmente da pandemia na grande maioria dos países da região.

“Um dos maiores desafios do mercado de trabalho no Brasil continua sendo a formalização das 39 milhões de pessoas – 39,1% da população ocupada – que estão na economia informal, sem direitos trabalhistas.”, disse o diretor do Escritório da OIT para Brasil, Vinícius Pinheiro.

Em junho de 2022, entre os países com dados disponíveis (Argentina, Brasil, Colômbia, Costa Rica, El Salvador, México, Paraguai, Peru e Uruguai), os níveis de emprego formal privado foram superiores aos de junho de 2020. No biênio, o crescimento do emprego formal foi particularmente forte no Brasil (8%) e Colômbia e Paraguai (7 %).

No caso do Brasil, segundo dados da PNAD Contínua do IBGE referentes ao trimestre móvel terminado em outubro de 2022, o país contava com 108,7 milhões de pessoas na força de trabalho, sendo: 99,7 milhões de pessoas ocupadas – maior nível da série histórica iniciada no ano de 2012; e 9, 0 milhões de pessoas desempregadas- o que corresponde a uma Taxa de Desocupação (Desemprego de 8,3%0 – a menor para o período desde 2014.

No entanto, Pinheiro alerta que “os números não refletem as disparidades entre os grupos mais vulneráveis, visto que o desemprego segue afetando com mais impacto mulheres, pessoas jovens e negras e pardas.”

A PNAD Contínua trimestral indicava que a Taxa de Desocupação Masculina (6,9%) continuava abaixo da média nacional (8,7%), enquanto a das mulheres seguia bastante acima (11%) no terceiro trimestre de 2022. Além disso: 
  • As taxas de desocupação de pessoas pretas (11,1%) e pardas (10,0%) também se situavam acima da média nacional e eram bem superiores as das pessoas brancas (6,8%).
  • A taxa de desocupação entre jovens de 14 a 29 anos era de 23, 9% em 2021, segundo a mais recente edição da Síntese de Indicadores Sociais do IBGE. Essa taxa é bem acima se comparado aos demais grupos etários: 10,7% entre pessoas de 30 a 49 anos, e 7,7% para pessoas com 50 anos ou mais.