Trabalho decente

Iniciativa fomenta alternativas de geração de renda para agricultores familiares na cadeia produtiva da carnaúba no Piauí

Projeto da OIT e do MPT auxilia também os pequenos agricultores a se organizarem em cooperativas para aumentar o valor agregado da produção oriunda da agricultura familiar.

Notícias | 6 de Setembro de 2022
Palmeiras de carnaúba no Piauí. Foto: Cortesia GIZ

Brasília – A carnaúba é uma palmeira nativa do Nordeste brasileiro, e uma das principais espécies extrativas do semiárido. As folhas dessa palmeira dão origem a uma série de produtos e derivados, na sua forma natural e após secagem e beneficiamento.

O produto de maior interesse econômico proveniente das folhas da carnaúba (palha da carnaúba) é o pó cerífero, a partir do qual é produzida a cera de carnaúba, que é amplamente utilizada na indústria, principalmente nas de cosméticos e alimentícia.

O Brasil é o tido como o único país do mundo que produz cera de carnaúba. No país, Piauí e Ceará são os dois maiores estados produtores do pó de carnaúba, seguidos por Maranhão e o Rio Grande do Norte, segundo o IBGE.

Um dos desafios na cadeia produtiva da carnaúba é garantir trabalho decente e protegido para todos os atores envolvidos na atividade, principalmente, os trabalhadores rurais e pequenos agricultores. 

Gerar alternativas de renda

Nos municípios rurais produtores do pó cerífero do Piauí, no período da safra, os agricultores familiares trabalham na exploração da carnaúba e a atividade carnaubeira se torna a principal fonte de renda para as famílias. Já no período da entressafra que se concentra no primeiro semestre de cada ano, a renda advinda da atividade nos carnaubais se tornar muito pequena ou praticamente nula. Com a ausência de alternativas de geração de renda pelo trabalho, a situação de vulnerabilidade dos trabalhadores e trabalhadores aumenta na época da entressafra.

Assim, em março de 2022, o Ministério Público do Trabalho (MPT) e a OIT lançaram um plano de ação para a promoção do trabalho decente na cadeia produtiva da carnaúba com atuação em municípios piauienses produtores do pó cerífero de Campo Maior, Piripiri e Nazaré do Piauí. O plano de ação foi um dos resultados da segunda fase do projeto "Palha Acolhedora", iniciado em 2014 com o propósito de promover melhorias das condições de trabalho no setor da palha da carnaúba.

O plano de ação apoia a organização em cooperativas de agricultores e agricultoras familiares envolvidos na coleta da palha da carnaúba, para explorar, inclusive, outras alternativas de renda, tendo sido já formada uma cooperativa da agricultura familiar e extrativismo no município de Campo Maior .

“Essa é uma oportunidade de organizar os agricultores que trabalham com a palha da carnaúba para poder agregar mais valor aos seus produtos, para vender a um preço melhor. Na questão da agricultura familiar, além da organização, vamos trabalhar a comercialização para gerar um capital financeiro bem melhor para a qualidade de vida desses nossos agricultores.”, disse Joelson dos Santos Lima, eleito diretor presidente da Cooperativa da agricultura familiar e extrativismo do município de Campo Maior e região.

Além disso, a iniciativa irá oferecer diretamente e também com parcerias, capacitação e treinamento para famílias que tenham interesse em gerar renda por meio de outras atividades rurais.

“Um dos grandes objetivos desse projeto é levar alternativas de geração de renda para agricultores familiares dos municípios atendidos. Para isso, iniciamos um processo de diálogo com diferentes parceiros que, nas suas áreas de atuação, poderão levar conhecimento que se reverterá em atividades economicamente viáveis para as famílias. “, disse Erik Ferraz, Oficial de Projetos do Escritório da OIT no Brasil.

“Já foram identificados, nos municípios atendidos, quais tipos de arranjos produtivos as famílias querem implementar em suas terras. Isso foi feito por meio de uma escuta local dos beneficiários e beneficiárias. Agora estamos articulando parceiros que possam apoiar direta e indiretamente os trabalhadores e trabalhadoras da agricultura familiar envolvidos. Há um campo muito fértil para fomentar a renda local. “ acrescentou.