Cooperação Sul-Sul: O que o setor de telecomunicações no Brasil tem em comum com a produção de algodão no Peru?

Missão de capacitação ajudará o governo peruano a mapear e antecipar as competências e habilidades profissionais para o futuro do trabalho na cadeia produtiva do algodão do país

Notícias | 12 de Agosto de 2019
Brasília, 12 de agosto de 2019 - O que o setor de telecomunicações no Brasil tem em comum com a produção de algodão no Peru? Quando se trata de mapear e de entender os desafios e as oportunidades apresentados pelo presente e futuro do trabalho e de antecipar habilidades profissionais, muito conhecimento pode ser compartilhado entre os dois países. 

Com esse objetivo, Escritório da OIT no Brasil, a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), do Ministério das Relações Exteriores, e o Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ) recebem representantes do Governo do Peru, para uma missão de capacitação no âmbito da Cooperação Sul-Sul , de 12 a 16 de agosto, em Brasília. A missão faz parte das atividades do Projeto "Promoção de trabalho decente na cadeia do algodão no Peru", que reúne os governos do Brasil e do Peru e conta com assistência técnica da OIT.

"Esta iniciativa de desenvolvimento de capacidades, realizada em conjunto pelo Brasil, pela OIT e pelo Senai, está alinhada com o esforço global sobre o futuro do trabalho, pois visa definir os perfis profissionais do futuro e possibilitar a adequação da oferta formativa”, disse Fernanda Barreto, Coordenadora do Programa de Cooperação Sul-Sul Brasil-OIT.

Para Blanca Nuñez Quinto, Especialista do Ministerio da Educação do Peru, "é importante identificar as novas carreiras do futuro para reordenar a oferta formativa do setor público no Peru”.

Da metodologia para a prática - Durante uma semana, a equipe do Senai vai compartilhar com os representantes peruanos aprendizados, melhores práticas, metodologias e ferramentas que permitam mapear e antecipar as competências e habilidades profissionais necessárias para que trabalhadoras e trabalhadores ocupem funções no mercado de trabalho do futuro, e formar recursos humanos para ocupações que ainda inexistentes na cadeia produtiva do algodão peruano.

Nosso objetivo nesta semana é conhecer a aplicação in situ da metodologia que aprendemos no curso que tivemos em abril em Lima”, disse Catherine Pilar Paucarpura Ninayahuar, Especialista do Ministério do Trabalho e Promoção do Emprego do Peru

Nas oficinas técnicas, os visitantes aprenderão sobre a metodologia do Modelo Senai de Prospecção, que será aplicada ao setor de telecomunicações no Brasil. Dentre outros pontos, eles analisarão, por exemplo, como tecnologias utilizadas no ambiente de trabalho nos próximos anos impactarão o perfil e as competências exigidas dos profissionais do futuro.

É importante que a equipe de prospectiva esteja pronta para aplicar a metodologia de forma contínua em outros setores. Estes dias de formação serão importantes para que possam replicar o modelo no Peru”, disse Marcello Pio, Especialista da Unidade de Estudos e Prospectiva do Senai.

Após a missão, o governo do Peru adaptará os conhecimentos adquiridos aos setores têxtil e de confecção peruanos.

A prospecção é importante porque se trata de uma ferramenta adicional para identificarmos demandas formativas do setor produtivo”, disse Robert Froilan Leon Trambaico, Especialista do Ministério do Trabalho e Promoção do Emprego do Peru.

O Peru é um produtor histórico de algodão. Em meados do século XX, o país era um dos principais produtores de algodão de fibra longa e extra-longa, em um mercado no qual o tamanho da fibra, indica a qualidade produto. Hoje , os números ainda revelam a relevância do setor para a economia peruana. A cadeia produtiva dessa commodity representa cerca de 1,9% do PIB do subsetor agrícola no país e mais de 8.200 unidades agropecuárias cultivam o algodão, sendo que 60% delas são pequenas unidades. Isto é, a agricultura familiar ajuda a impulsionar o setor de algodão no país. No elo entre o campo e os mercados internacionais estão a indústria têxtil e as confecções, um setor que emprega cerca de 400 mil peruanos, segundo estudo da OIT sobre o trabalho decente na cadeia produtiva do algodão peruano.

Para nós, é importante implementar este modelo de prospectiva no setor têxtil e de confecções e replicar em toda a cadeia do algodão. Outro importante setor em nosso país é o de tecido de alpaca. Precisamos diminuir a brecha entre oferta e demanda formativa em nosso país”, disse Yovana Patricia Acaro Ignacio, Especialista do Ministério de Trabalho e Promoção do Emprego do Peru.

Além de contribuir para o avanço na área de formação profissional, a troca de experiências entre os dois países ajudará na prevenção e erradicação do trabalho infantil e no fortalecimento das capacidades de fiscalização.

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